Arquivo mensal: outubro 2009

Dead Weather e o que as mulheres tem a ver com isso…

Dead weather 2

Assim que a “Dead Weather” (última banda de Jack White) surgiu, tive um certo preconceito. Sempre gostei dos trabalhos dele e foi exatamente por gostar muito de sua banda anterior (o The Raconteurs) que o “Dead Weather” me causou um desconforto. O primeiro pensamento para mim foi: “E o que vai ser do The Raconteurs?”

Mesmo de focinho virado fiz todo o esforço do mundo e comecei a assistir ao primeiro videoclipe da tão falada “nova-banda-de-Jack-White”. Em menos de um minuto, toda minha prepotência desmoronou. Não só pelo excelente single, mas também pelo vídeo que o acompanha.

A expressão “morrer de amor” soa familiar? Imagine se fosse possível enxergar a olho nu o quanto uma briga de casal pode machucar os envolvidos! É exatamente isso que mostra o clipe de “Treat me like your mother” do Dead Weather. A vocalista Alison Mosshart e Jack White vão de encontro com espingardas carregadas, como num duelo. Durante a música, começam a atirar um no outro. Acertam várias balas, mas nenhum dos dois morre. O charme maior fica para o destaque “humor negro”, quando no meio do duelo, Alison decide acender um cigarro, dando mais força à metáfora “briga de amor”. Jonathan Glazer, diretor do clipe, conseguiu ser um vanguardista notado numa época em que o maior dos vanguardistas se perde meio a tanta informação.

Mas não é só por causa deste clipe que o Dead Weather já fez algo grande. A nova banda tem chamado atenção para uma realidade frequente, mas que talvez seja pouco notada pelo mainstream. É muito interessante ver uma mulher que seja tratada com igualdade numa banda de homens e Alison é colocada exatamente no mesmo nível dos meninos da banda. Mais justo do que isso não existe!

Ok. Podemos citar Garbage,Yeah Yeah Yeahs, Velvet Underground, Juliette and the licks e várias outras, mas em todas essas bandas a mulher acaba se tornando uma frontwoman que parece só saber cantar enquanto for sexy. No Dead Weather, não…

Acho que não há nada errado na vocalista ser sexy, mas a verdade é que o Dead Weather tira essa sensação de necessidade desse tipo de postura das costas das mulheres que tem bandas. Alison é bonita e sexy, sim, mas não se esforça horrores para isso. O que vem primeiro é a música. No lugar de saia, uma calça preta, no lugar de salto alto, botas de cano baixo, no lugar de blusinhas justas, jaqueta de couro (a mais legal do mundo, aliás) e no lugar de maquiagem, cabelo no rosto. E não, ela não é emo. Além disso, tanto no clipe quanto em todas as faixas do disco, Alison demonstra muita força. Talvez uma que fosse até desconhecida por grande parte do público que apenas a conhecia pelo The Kills. Não é pra menos que a música que abre o disco chama “60 feet tall”.

A postura da mulher igualitária também aparece em outra banda de Jack White: o White Stripes, claro! Meg faz parte do show. É simplesmente parte da banda e ponto final. Poderia ser um homem ou uma mulher lá que não faria diferença alguma. Aqui vamos nós novamente: Igualdade.

Obrigada por levantar a bandeira da igualdade, Jack! Quanto mais bandas forem assim, melhor para a gente!

Em relação ao “The Raconteurs”, realmente espero que continuem…Assim como espero ver mais de “The Dead Weather” e “The White Stripes” por aí também. As mulheres – e os homens – agradecem!

Paula Febbe

Courdtney Love (Sim! Com D mesmo…)!!

Post publicado ontem no site “De Garagem”

500full-courtney-love

Esta semana estava conversando com algumas pessoas do meu trabalho e me peguei falando de grunge, mais especificamente de bandas femininas grunge. Conversamos até chegar ao assunto “Courtney Love”.

No meio da brincadeira, disse: “Eu gosto da Courtney Love! Eu gosto! Fazer o quê? Confesso! Gosto dela”. Seguidos de meu comentário, vieram alguns outros. Um colega disse: “Gosto menos de você agora”, enquanto uma colega concordou comigo (meio que timidamente): “É! Gosto dela também. Gosto das músicas dela”.

É impossível falar de Courtney e não causar polêmica. Pra muitos homens ela é uma vagabunda e ponto final. Pra muitas mulheres, ela é uma drogada e vagabunda e ponto final. Se for fã do Nirvana, então, pior ainda! Quantas vezes já ouvimos que ela foi a culpada pela morte de Kurt? Mas…Será?

Ok! Pra começo de conversa, vamos tentar pensar nas entrevistas em que ela deu estando sóbria, e não julgar a existência toda de Courtney baseada em quando ela estava bêbada ou drogada (você não gostaria de ser julgado por alguma noite em que bebeu demais, certo?). Que tal se (por uma brincadeira), deixarmos de lado toda a resistência à moça? Só até terminar este post. OK? Não vai doer. Prometo!

Aqui vão algumas razões para você repensar seu ódio ou reforçar seu amor por ela:

1-     Courtney é filha de Hank Harrison (escritor e ex-roadie do Grateful Dead);

2-     Correm boatos de que Courtney apaixonou-se pela música no reformatório, quando um residente deu-lhe fitas dos Sex Pistols, The Clash e Pretenders;

3-     Conheceu Kat Bjelland, futura líder do Babes in Toyland. Ambas mudaram-se para São Francisco e, junto com Jennifer Finch, que viria a tornar-se baixista do L7, formaram a banda Sugar Baby Doll;

4-      Um de seus grandes sucessos foi “Celebrity Skin”. Uma crítica à vida de celebridade;

5-     Interpretou (muito bem, diga-se de passagem), Althea Flynt, esposa de Larry Flynt, em um filme de Milos Forman (diretor de “Um estranho no ninho”) sobre o dono da revista Hustler;

6-     Courtney comprou os direitos da biografia oficial de Kurt Cobain, “Heavier than Heaven” (Mais pesado que o céu), e pretende fazer um filme baseado no livro;

7-     Pode ser uma pessoa muito perturbada (você também não seria de tivesse passado por tudo que ela já passou?), mas é uma das poucas pessoas “de verdade” que ainda existem na indústria do entretenimento;

8-     Ela tem 45 anos e ainda faz rock n´roll;

9-     Quando Kurt morreu, ela foi pro lado de fora de sua casa consolar alguns fãs que choravam a perda do ídolo;

10-  Foi casada com Kurt Cobain (Ei! Se ele casou com ela e é seu ídolo,  com certeza ele viu algo de muito interessante ali. Kurt não era nada bobo).

 

Gostando ou não dela, é inegável que a viúva de Kurt Cobain já passou por muita barra pesada nessa vida. Por várias vezes, ela foi a responsável por tais barras, por outras, talvez não tenha sido tão responsável quanto dizem que foi.

Sou muito fã de Nirvana, e devo dizer que demorou até que eu conseguisse ver Courtney de outro jeito, mas depois que parei pra pensar e realmente ler algumas das letras que ela havia escrito e músicas que havia cantado, percebi que talvez ela fosse a versão feminina e mais descarada do próprio Kurt.

Não, ela não o matou, só talvez não tivesse forças para tirar o marido do fundo do poço, quando ela também precisava de alguém que a tirasse de lá.

A verdade é que se Courtney fosse um homem, talvez a mídia não fosse tão dura com ela. Ela viveu muita coisa ruim, e apenas sobreviveu. Acho que não deve ser culpada por isso.

Ano que vem, o novo disco do Hole vai sair, e quando isso acontecer, que tal ouvir  e reconhecer a grandeza daquilo que ela faz?

Abaixo, a entrevista que pode mostrar algo mais próximo daquilo que -talvez – ela realmente seja:

   

Paula Febbe